Você já pensou nos termos que você usa para descrever as coisas?

Com certeza já, mas você usa os termos "virgindade", "desvirginar" e afins?

Aqui, pretendo expor motivos que vejo para um feminista não usufruir dessas palavras.

Quando se fala de desvirginação você entra obrigatoriamente, mesmo que de forma implícita, na mudança de um estado "virgem" para um "não virgem". Ocorre que a substantivação desse estado caracteria a imagem da pessoa como pura, digna de amor, digna no geral. O conceito de virgindade sempre foi ultra valorizado na mulher, e o mesmo para a transição de estado masculino, ou seja, a falta de virgindade ao homem tende a ser valorizada como algo poderoso, dominante e másculo.

Sabe=se que sempre que há um dominante há um recessivo, um subordinado, e não refiro-me a uma parafilia. A imagem de uma mulher pós ser desvirginada é de alguém sem as características que definem bondade e inocência, como se fosse diretamente da pureza à impureza, como se a perda da virgindade tirasse seus valores que, por si só, são definidos por uma sociedade sexista.

Quando você fala da sua "primeira vez", porém, você não está se generalizando a um grupo social segregado, não está se enquadrando no padrão machista de termos e não está substantivando quem você é, está apenas declarando que fez um ato sexual pela primeira vez, não se subordinando, mas por escolha, pois você não deixa de ser quem você é.

Portanto, não se deve classificar alguém por virgindade, nem mesmo usar esse termo.